terça-feira, 9 de setembro de 2008

A importância de sentir ciúme

O cíume pode ser muitas coisas.
Ele é visto, em geral, como um estado emocional complexo normalmente relacionado com o sofrimento provocado pelo desejo de afecto ou atenção exclusivos de alguém para connosco e o receio de que essa pessoa os dedique a outro(os).
Em muitos aspectos ele correlaciona-se com o conceito de inveja porém a inveja não abarca o medo da perda, medo esse que parece estar sempre associado ao ciúme.
Porém, a perda pode significar um número plural de coisas.
O medo da perda não se manifesta só quando temos receio de perder efectivamente alguém, de sermos "abandonados" ou "trocados" por outra pessoa, pode significar também medo de perder algo desse alguém, ainda que não sintamos medo de perder a nossa posição, o nosso "papel" formal na vida do outro. Pode ser a perda de um afecto, a perda do mesmo nível de atenção que sempre nos foi dedicado.
É possível, assim, sentir-se ciúme não só de uma outra pessoa por quem o ser amado pareça nutrir afectos que queremos apenas para nós, como a atracção, o desejo, a ansiedade em estar com, o interesse intelectual e afectivo, como também de amigos, de eventos onde não participemos ou até do próprio trabalho.
Na verdade, muitos relacionamentos terminam quando um dos elementos do casal compreende que o trabalho absorve grande parte da dedicação e paixão que ele desejaria que o parceiro sentisse por si.
É também muito comum acontecer que uma ligação se extinga quando um dos parceiros se sente sempre preterido em prol dos amigos, família ou eventos nos quais nunca é chamado a participar.
Pórém o ciúme pode ou não estar relacionado com a necessidade de exclusividade no amor.
Muitas pessoas sentem ciúme apenas quando se sentem na iminência de perder o seu papel de "mulher", "marido", "namorado", "namorada" na vida do companheiro. Não sentem qualquer sofrimento se o companheiro se limitar a não lhes dar afecto, atenção, importância, desde que formalmente a relação mantenha os seus traços originais. Não sentem também ciúmes dos amigos, nem do trabalho sendo até possível que suportem grandes períodos de tempo sem o mínimo contacto do outro.
Cremos, contudo, que esse desprendimento, à primeira vista muito saudável, é antes de tudo, um indicador de que se vive numa compromisso aparente, num compromisso meramente formal onde os afectos se encontram soltos e orientados para um fim muito difuso, situação incompatível com o que se entende com "um projecto a dois". Mais poderíamos falar de "dois projectos a dois".
Não parece isto coerente com o sentimento dos apaixonados, que podem até não ter uma relação formal com o objecto de desejo mas que sofrem com todo o afecto e atenção que não lhes é dedicado e é antes canalizado para outras pessoas, actividades ou objectivos.
Pode, no entanto, ser compatível com o mero amor, desapaixonado, o amor de pais/filhos, irmãos, ou a simples amizade.
Naquilo que entendemos como Amor pleno, aquele que tem dentro de si englobado o sentimento de paixão, não nos se afigura possível não sentir ciúme e dificilmente se sentirá ciúme desprovido da necessidade de conseguir a quase exclusividade afectiva.
De todo o modo, o medo da perda parece associado a tudo aquilo que nos é importante. Ainda que a nível inconsciente, o ser humano tende a querer preservar e cuidar aquilo que sente essencial ao seu bem-estar e segurança.
Assim é no trabalho, onde cumpre os horários, se esforça por fazer um bom trabalho para ser reconhecido pelo superior e onde ambiciona ser promovido, assim é com a sua casa, para a qual subscreve seguros multi-risco, faz obras de melhoramento, remodela o seu interior para que ela fique sempre mais confortável e esteticamente mais enriquecida, assim é com o dinheiro, que se tenta aumentar e poupar e muitas vezes investir, e assim será com o objecto de Amor, que se tenta conquistar, dia após dia, agradar, manter na sua vida.
Pelo menos, enquanto o Amor durar e não subsista apenas a habituação e o comodismo.
Não é credível que alguém ame e, ao mesmo tempo, não cuide de preservar o que ama. Não é credível que alguém que ama plenamente outra pessoa a dê por conquistada e não lhe dedique os seus sentimentos, esforços, tempo e atenção, pois isso seria sinal de que a paixão teria terminado.
Com efeito, nos relacionamentos onde existem sentimentos de ciúme ele lembra ao casal que um não deve considerar que o outro está definitivamente conquistado. Pode encorajar casais a apreciarem-se mutuamente e fazerem um esforço consciente para assegurar que o parceiro se sinta valorizado.
O ciúme pode fazer com que a pessoa que o sente se valorize, procure melhorar e trazer até si o parceiro que lhe parece distanciar-se. Pode também relembrá-lo do quão importante é a outra pessoa para si e de que não a pode negligenciar.
Ele é um bom indício da existência de uma de três coisas: amor pleno, paixão ou sentimento de posse.
O ciúme sentido no amor pleno é um ciúme saudável, misturado com compreensão e a confiança de quem tem reciprocidade numa relação ou sentimento. É por isso, um sentimento construtivo que apimenta a vida a dois e mantém a chama acesa, impulsionando os sentimentos e a vontade de renovar os votos que fizeram um ao outro.
O ciúme na paixão, é um ciúme turbulento, intenso e desgastante dado que não existe o contrapeso do sentimento de segurança e cumplicidade que o amor pleno traz à esfera do casal. É todavia de grande potencial erótico e sexual, podendo provocar fantasias e desejos ardentes como projecção do desejo de conquista do outro e como forma do indivíduo ciumento se colocar no papel da pessoa ou situação que lhe provoca a "inveja" e aliviar assim a sua dor.
O ciúme relacionado com sentimento de posse é desprovido de afectos ou desejos desinteressados para com o outro, mais se aproximando de sentimentos de territorialidade, mais perto do que é sentido pelos restantes animais em situações similares, do que pelos seres humanos. Nestas situações, fala mais alto o orgulho do que o sentimento tornando o ciúme perigoso, sujeito às fragilidades e descompensações do ego de cada um.
Os psicólogos e psiquiatras entendem que o ciúme é saudável e resulta como sendo um elemento essencial para que o amor pleno e a paixão prevaleçam.
Ele é, porém, a prova de que amor e o ódio costumam andar ligados, especialmente se a paixão estiver no meio dos dois. É, realmente, possível amar e odiar ao mesmo tempo.
Isso é passível de acontecer também entre irmãos, quando um sente ciúme do outro por ter receio de que os pais gostem mais dele do que de si. No entanto, ele também o ama enquanto irmão, ao mesmo tempo que se sente prejudicado por não ver mais a atenção dos pais direccionada exclusivamente para si.
Muitos vezes sentimos também ciúmes dos nossos amigos, por sentirmos que um amigo se começa a valorizar mais a companhia e amizade de outro amigo, em detrimento das nossas.
O ciúme não deverá, todavia, ser confundido com perda de confiança no outro. Aliás o primeiro pode existir sem que tenha havido quebra de confiança no relacionamento.
A quebra de confiança no relacionamento é a quebra do próprio relacionamento em si, dado que, como já expusemos anteriormente, uma relação a dois depende mais da confiança, como acto de fé, do que do próprio amor.
Na quebra de confiança pode haver sentimentos de traição, de engano, de desrespeito, de desilusão, de grande defensividade e de questionamento sobre a viabilidade de continuar uma relação que se revelou não ser o que parecia. Pode haver medo de reincidência por parte do traidor, que tanto pode ter traído uma mera expectativa que criou como uma séria promessa de exclusividade sexual.
Claro que sempre poderá haver ciúme pois a pessoa pode sentir juntamente com a quebra de confiança, sentimento de posse, paixão ou amor pleno, mas uma e outra coisa não se poderão confundir.
Um parceiro que perdeu a confiança no outro, vê a sua fé no relacionamento abalada e esse sentimento pode ser reversível ou não, dependendo de como aquele que perdeu a confiança encara o futuro da relação e olha para o parceiro que o atraiçoou. Dependerá também de toda a batalha ou abandono que aquele que falhou levar a cabo para reconquistar a confiança ou simplesmente deixá-la cair totalmente, até à impossibilidade de qualquer recuperação.
No ciúme, raramente o sentimento negativo é irreversível, dando normalmente lugar a uma ampliação da paixão e a um reasseguramento do elo de ligação do casal.
Aliás, é comum provocar ciúmes no parceiro como forma de reassegurar para nós próprios que o outro ainda nos atribui importância e ainda nos quer conquistar. É também comum o sentimento de frustração quando sentimos que o parceiro não sente ciúme face a nós, como se isso se traduzisse numa evidência de que já não somos importantes para ele ou que já não provocamos algum "abanão" na outra pessoa. É da condição humana procurarmos reassegurar a certeza de que tudo continua no seu "devido lugar" e não deverá haver nenhum sentimento de culpa ou vergonha face a essa necessidade. É apenas sinal de que nos importamos e atribuímos importância ao que nos é caro.
A excepção a isto é, talvez, o ciúme sentido por mero sentimento de posse, onde é o orgulho pessoal que comanda as operações. Uma vez reassegurado o ego do ciumento, o ciúme desaparece não trazendo nada de positivo ou intensificador à relação, dado que o ciúme se revestiu de um carácter pessoal e existiu independentemente da identidade dos envolvidos e dos sentimentos nutridos pelo outro.
Mas quando é motivado por paixão ou Amor pleno, o ciúme acaba por funcionar como aquela pitadinha de sal e pimenta num prato, já de si, delicioso e não como o espinho na perfumada rosa vermelha.

2 comentários:

Andre disse...

Eu tenho 25 anos e sou e sempre fui completamnete desprovido de invejas e ciumes de nada e nemd e ninguém! Relacionamento é completamente opcional e facultativo, não está nas obrigastoriedades legais. Para mim, o que me interessa é trabalhar para ter o meu sustento, ser cumpridor das leis e do espaço dos outros, respeitar escrupulosamente as pessoas todas de igual e não ser mal educado, e o trabalho é importante e absorve parte da minha vida, mas isso é que é a essência da minha vida, e depois nas horas vagas só faço aquilo que me apetecer desde que não incoomode, não prejudique e não atrapalhe os outros! Relacionamento ou vida sexual são completamente ocpionais e facultativos. Se eu aos 10 ou aos 13 anos não tinha isso, desde quando as leis me obrigam a ter vida sexual depois de adulto? Um adulto deve trabalhar e sustentar-se e justificar o ordenado que ganha, e depois, as horas vagas da sua vida pessoal, desde que não incomode e nem prejudique ninguém, é pra se fazer o que se quiser e apetecer e mais nada até ao fimda vida, pelo menos são esses os meus ideiais LIBERAIS! Pra mim, as coisas são palpáveis e técnicas, o que não for assim, está a mil palmos abaixo da terra. Matéria bruta, algo palpável e técnica é isso que está ao meu nível!

Andre disse...

E mais uma vez digo: não tenho invcejas e nem ciumes de nada e nem de ninguém! Tenho a minha consciência tranquila de que respeito escrupulosamente as pessoas, os meus deveres e obrigações, não faço nada que incomode ninguém, não sou mal criado com ninguém, não faço figuras tristes que chamem a atenção das pessoas, sou impecável no trabalho e com as pessoas, mesmo em tempos livres e não ultrapasso os limites. NOs tempos livres e nas horas vagas, se pudesse, passava a vida em festas, mas nunca me drogaria e nem bebia alccol e não passaria dos limites nunca. Logo, tenho livre trânsito de fazer só o que quiser da minha vida pessoal e tenho todo o direito a ser desprovido de ciumes e invejas! Além de uq eu tenho 1, 90 de altura e boa massa muscular, mas nem por isso eu sirvo-me disso para intimidar ninguém e desrespeitar seja quem for, por isso sou avesso e alheio a relacionamento e a vida sexual e desprovido de ciúmes e invejas seja de quem for e seja do que for, pois eu cumpro o meu serviço laboral direito e sou inofensivo e escrupulosamente respeitador! Desde pequeno sou assim. E aos 50 ou mais também o serei, e não me falta muito pra chegar lá! E como as coisas são assim, eu faço só o q quero da minha vida pessoal e se o puder e não interferir com mais ninguém!